segunda-feira, 20 de abril de 2009
sábado, 18 de abril de 2009
"a composição de uma tragédia requer tomates"
"Para o sapo o ideal de beleza é a sapa"
"Uma colecção de pensamentos deve ser uma farmácia moral onde se encontrem remédios para todos os males"
"O excesso de prazer não é prazer"
"Sem verdadeiras necessidades não há verdadeiros prazeres"
"Todo o homem é culpado por todo o bem que não fez"
"A COMPOSIÇÃO DE UMA TRAGÉDIA REQUER TOMATES"
Voltaire
E por falar em Composição, vou voltar ao QCad, às linhas, à geometria, por assim dizer, ao trabalho.
"Uma colecção de pensamentos deve ser uma farmácia moral onde se encontrem remédios para todos os males"
"O excesso de prazer não é prazer"
"Sem verdadeiras necessidades não há verdadeiros prazeres"
"Todo o homem é culpado por todo o bem que não fez"
"A COMPOSIÇÃO DE UMA TRAGÉDIA REQUER TOMATES"
Voltaire
E por falar em Composição, vou voltar ao QCad, às linhas, à geometria, por assim dizer, ao trabalho.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
sombras ou ruas sem sentido
Pousei a caneta no tabuleiro da mesa, fiquei a olhar, para a caneta com certeza.
Tirei a dita do tabuleiro. Segurei nela como numa espada.
Enterrei-a dentro da chávena de café, ainda quente. Bebi-o todo de uma só vez há trinta segundos ou meio minuto. Tirei-a da chávena. Escondi-a no bolso. Mas ela estava lá, ela estava ali, ela estava aqui no fundo bolso direito com grãozinhos de areia no canto esquerdo. Tirei-a do bolso. Pus-me a observa-la. Rodopiei-a. Disse-me baixinho que não queria mais ser café, nem brincar as escondidas. Era algo (às vezes pergunto-me, como é que o feminino de tal palavra, pode ser uma anti celulítico, como é que o masculino e o feminino de "algo" podem chegar a pontos tão distintos de caracterização...) sério. Agora era uma bailarina. O tabuleiro era o palco, os grãos de açucar as senhoras (uma delas era a mãe da bailarina) que assistiam ao bailado. As borras do café eram os senhores, uma dessas marcas deixadas na chávena era o pai da bailarina que a via escondido entre as outras manchas. Peguei na caneta, e ela deixou parte de si.
Aqui.
Rita
Tirei a dita do tabuleiro. Segurei nela como numa espada.
Enterrei-a dentro da chávena de café, ainda quente. Bebi-o todo de uma só vez há trinta segundos ou meio minuto. Tirei-a da chávena. Escondi-a no bolso. Mas ela estava lá, ela estava ali, ela estava aqui no fundo bolso direito com grãozinhos de areia no canto esquerdo. Tirei-a do bolso. Pus-me a observa-la. Rodopiei-a. Disse-me baixinho que não queria mais ser café, nem brincar as escondidas. Era algo (às vezes pergunto-me, como é que o feminino de tal palavra, pode ser uma anti celulítico, como é que o masculino e o feminino de "algo" podem chegar a pontos tão distintos de caracterização...) sério. Agora era uma bailarina. O tabuleiro era o palco, os grãos de açucar as senhoras (uma delas era a mãe da bailarina) que assistiam ao bailado. As borras do café eram os senhores, uma dessas marcas deixadas na chávena era o pai da bailarina que a via escondido entre as outras manchas. Peguei na caneta, e ela deixou parte de si.
Aqui.
Rita
sábado, 11 de abril de 2009
um conto infantil para adultos
Fumo o meu último cigarro do dia, no sótão. Estranho sitio este. Chão xadrez, tecto de madeira, colunas, “contra-colunas”, há uma porta que nunca abro. Não tem luz, a escuridão tomou conta daquele compartimento, o negro trouxe os seus sons adjacentes e agora não vou lá. Há uma boneca com um balouço às riscas que balouça assustadoramente a cada piscar de olhos. Sentei-me. Sentei-me na varanda ao lado da cadeira de palha, no chão. A leve brisa que corre de um lado para o outro parece querer parar, mas não consegue. Leva e traz-me a franja a dar uma voltinha pela noite. (Esqueci-me que fumei o último cigarro há dois minutos.) A brisa trouxe a cinza de volta certeira na pestana direita, comecei a ver a um elevador no meio do distinto nada florestal que me rodeava agora. Já de olhos fechados, o que me ligava ao sótão era a brisa, só ela me podia trazer novamente. Apanhei o elevador para o 300º andar do edifício quando saí tinha o andar dos chuveiros. Verdade. O andar dos chuveiros. Por aí uns 500 chuveiros suspensos em nada. Andei por entre cerca de 50 chuveiros, parei por entre o 51º chuveiro e o 52º chuveiro. Ouvi um tic tac (toe) desordenado por entre o barulho infernal de uma cascata que abrangia talvez o perímetro de 100 T2, daqueles da zona da marina do Freixo. Encontrei o soldadinho de chumbo
- Hey!
Disse eu, acho que por essa altura estava a pensar na vizinha da Campos e se não é da Campos, é a vizinha de alguém, bom, o que é certo é que a senhora se vestia de gala para ver televisão por não saber quem é que poderia estar do outro lado do ecrã a observar. E por tanto pensei eu, “se eu vi o soldadinho de chumbo assim porque é que ele não me viu enquanto o imaginei?”
- Hey? Mas eu conheço d’onde pá?
Tinha acabado de por a minha teoria por águas de bacalhau abaixo e o soldadinho de chumbo não era homem para mim, nem muito menos para uma aventura no 300º andar, o andar dos chuveiros.
O cavaleiro negro da “composição” do sétimo ano também lá estava.
(Quando lá voltar, continuo. (Sete amêndoas podem destruir uma reputação facial, é melhor acabar com isto.) Estão a tocar a campainha. Acho que é o meu casaco que ficou lá fora.)
Rita
- Hey!
Disse eu, acho que por essa altura estava a pensar na vizinha da Campos e se não é da Campos, é a vizinha de alguém, bom, o que é certo é que a senhora se vestia de gala para ver televisão por não saber quem é que poderia estar do outro lado do ecrã a observar. E por tanto pensei eu, “se eu vi o soldadinho de chumbo assim porque é que ele não me viu enquanto o imaginei?”
- Hey? Mas eu conheço d’onde pá?
Tinha acabado de por a minha teoria por águas de bacalhau abaixo e o soldadinho de chumbo não era homem para mim, nem muito menos para uma aventura no 300º andar, o andar dos chuveiros.
O cavaleiro negro da “composição” do sétimo ano também lá estava.
(Quando lá voltar, continuo. (Sete amêndoas podem destruir uma reputação facial, é melhor acabar com isto.) Estão a tocar a campainha. Acho que é o meu casaco que ficou lá fora.)
Rita
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